Testemunhos reais sobre a presença das Mulheres na Tecnologia.
Depois do artigo que demonstrava factos sobre a participação das mulheres nas mais diversas áreas STEM, consideramos importante termos relatos, na primeira pessoa, de mulheres que ocupam altos cargos na indústria tecnológica portuguesa.
A história da Vanessa começou quando recebeu um computador no seu nono aniversário. Depois disso, já no oitavo ano de escolaridade sabia que queria seguir “informática de gestão”.
No que concerne ao Mercado das TI, Vanessa afirma que recomenda esta área apenas a quem realmente gosta porque é um mercado exigente “e pode tornar-se frustrante e muito stressante se alguém trabalha nesta área apenas pelo salário.”
Vanessa Pessoa é uma das mulheres que, apesar de nunca ter sentido discriminação de género, já ouviu comentários pouco positivos sobre ingressar na área das TI “inicialmente muita gente me perguntava se eu tinha noção que ia trabalhar num “mundo de homens” e se isso não me assustava”.
Conselho da Vanessa para quem quer enveredar pela área das Tecnologias:
Não desistam! A resiliência, a persistência e o acreditarmos em nós mesmas não vem do dia para a noite, mas a cada dia podemos trabalhar um pouco mais para isso. Uns dias ganhamos e nos outros dias aprendemos a seguir em frente. Nenhum sonho é em vão! Invistam em vocês: adquiram conhecimentos fora das tarefas de trabalho normais, esforcem-se para entregar um trabalho de qualidade (não tenham medo de errar, só tenham medo de não aprender nada de novo) e cuidem da vossa saúde física e mental pois uma pessoa mais feliz é uma profissional mais dedicada e produtiva!
Teresa começou o seu percurso na Oracle, na área de pré-venda e suporte. Contudo, foi no 10º ano que descobriu o gosto pelo mundo tecnológico, quando teve de mudar de escola. Não existindo tantas opções como atualmente, Teresa ficou interessada num novo curso técnico profissional de informática. Como gostava da área de ciências e matemática decidiu inscrever-se.
Quanto ao mercado das TI, Teresa declara que “o mercado da TI está cheio de muitas e variadas oportunidades, mas também muito dinâmica com demasiado turnover, nalgumas especialidades.”
Assim como a Vanessa, Teresa considera nunca ter sentido desigualdade de género, apesar de já ter ouvido comentários menos simpáticos “principalmente quando alguma aplicação não funciona”.
Como forma de atenuar a discrepância de géneros, Teresa sugere uma maior divulgação sobre estas áreas nas escolas secundárias, demonstrando a realidade vivida e os testemunhos de mulheres empregues no setor, dado que, para Teresa, uma das hipóteses que justifica a baixa percentagem de mulheres no setor se possa prender com a ideia de que será um trabalho monótono.
Conselho da Teresa para quem quer enveredar pela área das Tecnologias:
A área das TI hoje em dia tem tantas áreas de atuação que de certeza que existem projetos com os quais se vão identificar. Experimentem!
Lucília, há 11 anos na Lactogal a exercer funções na área de infraestruturas e redes, e atualmente como responsabilidade o Citrix e Endpoint Configuration Manager, durante a licenciatura no ISEP, teve uma ótima equipa de estudo “curiosamente com bastantes mulheres, mais velhas do que eu e trabalhadoras-estudantes”.
Mas nem sempre Lucília esteve decidida sobre o seu futuro. Após ter o seu primeiro contacto com o Windows 3.0, jurou que nunca iria gostar de informática. No entanto, no 12º foi aconselhada a seguir engenharia informática uma vez que tinha muita saída, “isto em 1998.” E assim o fez, ainda que sem paixão, apenas considerando a hipótese de ter uma boa carreira.
Sobre o mercado das TI atualmente, Lucília sublinha a versatilidade difícil de alcançar e confidencia que sente maior dificuldade em acompanhar a tecnologia.
Mais uma vez, e exatamente como as suas colegas de profissão, Lucília não sente qualquer tipo de desigualdade. Todavia, refere que no início da faculdade, ouviu comentários como “informática é mais para rapazes. O certo é que é exatamente a minha área, meter mãos na massa, PCs e é raro encontrar mulheres disponíveis e com know how nesta área.” Destaca ainda que é exatamente a falta de gosto pelo tema, o motivo apontado por Lucília sobre a baixa presença do género feminino nas áreas STEM.
Conselho da Lucília para quem quer enveredar pela área das Tecnologias:
Se é o que gostam, força, sigam em frente! Ainda agora na minha equipa saiu um colaborador e estivemos a recrutar, não havia uma única mulher para esta área! O pessoal quer mulheres, ideias novas, perspetivas diferentes, venham as mulheres para a área das TI!
Unanimemente, quando questionadas sobre a maior dificuldade do setor das TI a resposta recaiu, essencialmente, na dificuldade em acompanhar a evolução tecnológica.
Relativamente às skills necessárias para seguir o caminho das disciplinas STEM:
– Respeito pelo próximo;
– Capacidade de adaptação;
– Paciência ao expôr as suas ideias;
– Responsabilidade;
– Organização;
– Colaboração;
– Confiança;
– Persistência;
– Vontade de aprender.
Conclui-se, desta forma, que é crucial que as instituições académicas divulguem testemunhos de pessoas e principalmente mulheres que estejam empregues nestas áreas, a fim de demonstrarem a realidade destas profissões, destacando que estes setores são para todos aqueles que gostarem de tecnologia.